O Senhor das Sombras, by Cassandra Clare
17:36Wow, nunca pensei que fosse escrever sobre este livro???
Houve uma altura em que nunca tinha paciência para escrever sobre os livros que lia, mas este... Wow.
O Senhor das Sombras é o segundo livro na série Os Artifícios Negros, de Cassandra Clare. Faz parte do mundo de Caçadores de Sombras, portanto convém ler Os Instrumentos Mortais e Os Instrumentos Mortais: As Origens primeiro, embora eu não tenha lido os últimos dois livros da primeira.
Façam o que eu digo, não façam o que eu faço.
(um dia vou lê-los)
Este livro continua a história de muitos personagens! Emma Carstairs e Julian Blackthorn, dois parabatai com aquele probleminha de amor proibido; Cristina, Mark e Kieran com aquele triângulo que todos adoram; Livvy, Kit e Ty com a sua amizade que me faz amar a vida, etc.
Ah, claro, também existe a história em si e não só a parte focada nos personagens, mas eu sou muito apegada a personagens.
Sinceramente, não sei descrever exatamente o livro para quem não o leu. Vão ao Google e pesquisem pelos livros da Cassandra Clare. Provavelmente deviam começar por Cidade dos Ossos, mas começar por Anjo Mecânico também não é mau. (só não leiam Princesa Mecânica antes de acabarem Os Instrumentos Mortais!)
Por favor parem de ler agora se não quiserem levar spoilers, porque logo o primeiro que vou discutir é provavelmente o maior spoiler deste livro inteiro.
-~- SPOILERS ABAIXO -~-
Escrevi sobre isso na minha review no Goodreads, e vou traduzi-lo:
"Estou a chorar enquanto escrevo isto, mas vou tentar ser o mais coerente possível. Peço desculpa se falhar. Quero escrever principalmente sobre uma coisa: a morte da Livvy.
Tendo mais ou menos a mesma idade que a Livvy, o Kit e o Ty, sempre gostei deles especialmente porque os entendia, penso eu, e entendia ainda mais a Livvy pois tenho um irmão que tem Asperger.
Acho que foi por isso que a morte da Livvy me atingiu tanto. Comecei a chorar imediatamente! Estou devastada...
Não só era ela tão jovem e tão boa personagem, como também tinha uma família! Uma família enorme que viveu com perda a sua vida inteira! Perderam os seus pais, perderam o seu tio, a irmã deles está exilada, o irmão foi afastado deles durante muito tempo, e agora perderam a Livvy. Agora o Ty perdeu a Livvy. Não consigo parar de chorar. Não fiquei assim tão triste com a morte de um personagem em muito tempo. Acho que não chorei assim tanto ao ler desde Princesa Mecânica.
Quando o Robert morreu, eu não o esperava, mas não estava mesmo à espera da morte de um personagem principal. Ela não. Não podia ser ela, mas foi, fui apanhada de surpresa e estou devastada."
Não o mencionei no Goodreads, mas a família dela também o viu a acontecer. A Dru, de 13 anos, viu a irmã a ser assassinada. O irmão gémeo, Ty, viu a irmã a ser assassinada. O Julian segurou-a nos braços enquanto ela morria. O Mark e a Helen viram. A família quase toda viu. Ainda bem que o Tavvy não viu, mas não estou nada ansiosa para ler sobre a reação dele.
Também não estou ansiosa para ver como o Ty vai lidar com a situação. Estou tão aliviada por ele ter conhecido e ficado amigo do Kit. Obviamente que não é a mesma coisa de ter a Livvy com ele, e nunca será uma "substituição" (eles eram um trio!!), mas é muito melhor do que lidar com as coisas sozinho. Pelo menos o Ty tem alguém que lhe compreende, e não vai lidar com a dor sozinho enquanto os irmãos lidam com a sua própria dor.
Isso muda tudo. Como é que vai ser o Julian depois disso? O Julian, que cuidou dela desde que tinha 12 anos? Que foi forçado a crescer demasiado cedo e tornar-se uma figura paterna para os seus irmãos quando era apenas uma criança? Que a viu crescer, que nunca a vai ver tornar-se adulta?
Como é que vai ser a Helen, que viveu tantos anos afastada? Que viu a irmã crescida depois de tanto tempo, mas foi tão brevemente? A Helen, que nem teve tempo de matar saudade e que agora vai viver com saudade permanente?
O Ty, que era irmão gémeo da Livvy? Que perdeu uma das únicas pessoas que lhe compreendeu durante a vida inteira?
O Mark, que depois de passar tantos anos afastado, habitua-se aos irmãos, apenas para perder um deles pouco tempo depois?
A Dru, que assistiu a tudo? Que vai crescer com a memória da irmã a morrer diante dos seus próprios olhos?
O Tavvy, que desde bebé sabe o que é perder familiares e que chora sempre que se despede de alguém porque já sabe que todas as despedidas podem ser a última?
É como se a Cassandra Clare tivesse arrancado o meu coração com as suas próprias mãos e o rasgado em pedacinhos.
Outra coisa: e o exílio de Julian e de Emma? Como é que vai ser, com a morte do Robert? Tenho certeza absoluta que o próximo Inquisidor não vai ser assim tão compreensivo como Robert foi.
Tenho um ódio tão grande por Annabel. Pensava que, nesta série, a pessoa mais odiável era Zara. Estava tão, tão errada.
Quero parar de falar sobre mortes. Isto está a ficar demasiado triste.
Gostava de falar sobre coisas que gostei:
1) a dinâmica entre o Kit, o Ty, e a Livvy
Vamos ignorar o pequeno facto que de um dos membros deste trio está morto e fingir que nunca aconteceu.
Adoro a amizade destes três! É uma pena tão grande ter sido tão curta! A amizade deles foi crescendo ao longo do livro, e isso fez-me ficar muito feliz.
2) comunicação entre a Emma e o Julian
FINALMENTE param com aquela falta de comunicação que odeio! Finalmente a Emma deixa de ser "nobre" (estúpida) e de tentar proteger o Julian e conta-lhe que nunca esteve com o Mark a sério. Finalmente eles falam sobre os seus sentimentos, finalmente se tornam livros abertos, finalmente!
Eu odeio tanto nos livros quando algo pode ser resolvido muito mais facilmente se as personagens simplesmente tiverem uma conversa séria sobre o assunto! Existe algo muito útil nos seres humanos, uma característica única, que serve para nos ajudar a expressar o que sentimos, necessidades, etc: LINGUAGEM. Usem-na, pelo amor de Deus!!
3) aquela cena entre a Emma e o Julian
Acho que todos sabem a que me refiro.
"- Parte-me o coração - disse ele. - Parte-o aos bocados. Tens a minha permissão."
O MEU CORAÇÃO. Não aguento!! Soa muito cliché, mas já nem quero saber. Estava à espera de um momento como este há muito tempo.
4) revelação da Diana
Não esperava! Acho que é um passo certo na direção de mais representação de personagens diferentes nos livros. Estou a gostar de ver isso nos livros que leio. É uma das primeiras personagens transgéneras que leio, e é a primeira cuja transição está completa.
Também adorei a indiferença de Gwyn! Adorei o facto de a Diana não ter nascido uma mulher fisicamente não ter alterado a atração que ele sente por ela. Começo a apreciar cada vez mais certas fadas.
5) as referências a certos livros do passado
Refiro-me a coisas como aquela parte em que Kit casualmente menciona que algum idiota chamado Will H assinou todos os livros da biblioteca. Ah, Will, ainda suspiro por ti, mesmo que estejas morto há 80 anos.
A Jessamine neste livro também me fez ficar feliz. Revisitar o Instituto de Londres em geral agradou-me muito, já tinha saudades.
Com isto dito, também houve coisas que não me agradaram muito, nomeadamente triângulos amorosos. Estou feliz que a coisa toda de Emma/Mark/Julian acabou, mas aquilo de Mark/Cristina/Kieran não me agradou assim tanto. Para ser sincera, gostava mais de ver o Mark com o Kieran, mas eles acabaram, e também não gostei nada do que o Mark fez durante algum tempo, beija um, beija outro, whatever. Foi praticamente traição, porque ele ainda estava tecnicamente com o Kieran. Não fui fã.
No entanto, gostei da dinâmica entre a Cristina e o Kieran! Gostava de ver mais a amizade deles no próximo livro, mas tenho a leve impressão que Kieran vai ser proibido de ver os Nefelins por ser fada ou que, pelo menos, não vai estar presente da mesma maneira que esteve neste.
Outra coisa: vejo muita gente a shippar o Ty e o Kit, e ainda não tenho a certeza do que acho sobre isso! Acho que, neste momento, o que eles os dois precisam é de uma amizade. Principalmente com a morte da Livvy, seria muito cedo para Ty ter uma relação. O mesmo com o Kit, que não vai estar de luto da mesma maneira que Ty, mas que vai estar triste na mesma, e que também está a lidar com a morte do Johnny. Acho que gostava mais que eles continuassem amigos (não sei o que acho da ideia de eles se tornarem parabatai! Estou um pouco traumatizada com a situação da Emma e do Jules), mas se eles tivessem uma relação bem desenvolvida e que não fosse forçada nem muito cedo, não me importava. Acho que vai depender muito da execução. Só espero que um deles não morra.
Sei que existem muitas coisas que não mencionei, como, ah, não sei, a história em si? O enredo? Mas, para além de ter lido o livro em 4 meses e, por isso, não me conseguir lembrar de todos os pequenos detalhes, já falei de tudo o que tinha a falar. Oops.
Só digo que tive saudades do Jem neste livro, e que espero seriamente que ele apareça no próximo. A Tessa também.
-Mari.
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